quarta-feira, agosto 01, 2007

Prog Rock

O Rock progressivo surgiu no final da década de 60, quando algumas bandas resolveram unir elementos da música clássica, psicodélico e jazz ao já consagrado rock ‘n’ roll praticado na época. Os primeiros artistas a se aventurarem nessa mistura inusitada talvez tenham sido: Frank Zappa e Pink Floyd.
Alguns dizem que o consagrado disco Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (1967) dos Beatles foi enormemente influenciado pelo progressivo, visto que o Pink Floyd gravava o seu primeiro disco, The Piper At The Gates Of Dawn, numa sala ao lado dos Fab Four, no estúdio Abbey Road. As características básicas do estilo são: letras complexas, músicas de longa duração, mudanças de andamento, vocalizações, álbuns conceituais, intenso uso de teclados, ou até mesmo de instrumentos pouco usuais na esfera do rock, como: flauta, bandolim, violino, oboé, cítara, etc., tudo isso aliado aos “manjados” guitarra, baixo, bateria.

O gênero explodiu no começo dos anos 70 e foi popular até meados de 1976, quando artistas como Yes e Emerson Lake & Palmer passaram a ser vistos como “dinossauros”, auto-indulgentes, chatos, cafonas e megalomaníacos. A principal causa apontada foi o surgimento do Punk Rock, que pregava o do it yourself, a simplicidade e crueza instrumental e atitude rebelde, isto é, a antítese total do progressivo.

Elaborei uma listinha de discos prog que acho bem legais:


Hot Rats (1969) - Frank Zappa: o bigodudo Zappa possui uma discografia de dar inveja ao Roberto Carlos, dada a quantidade de lançamentos ao longo da carreira, até mesmo após sua morte, em 1993. No disco em questão temos 6 faixas, sendo 5 instrumentais e 1 com voz do Captain Beefheart. O estilo predominante é o fusion, com destaque para "Peaches En Regalia" e "Willie The Pimp".


The Yes Album (1971) - Yes: terceiro disco da banda e o primeiro contando com o guitarrista Steve Howe. Porém, os teclados ainda não estão a cargo do "mago das capas de lantejoulas" Rick Wakeman. Quem toca aqui ainda é o simples e eficiente Tony Kaye. "Yours Is No Disgrace", "Starship Trooper", "Perpetual Change" e "I've Seen All Good People" são clássicos que figuram até hoje no set-list do quinteto.

Foxtrot (1972) - Genesis: mais um "super-grupo" que contava com Peter Gabriel (voz), Steve Hackett (guitarra) e Phil Collins (bateria) na formação. A musicalidade do cd é impressionante: muita técnica, variações, pedais, mellotrons, etc. A épica faixa "Supper's Ready" com quase 23 minutos de duração se tornou referência no estilo. Uma pena que, ao assumir a liderança e a voz do conjunto nos anos 80, Phil Collins transformou-se na breguice que conhecemos...


Octopus (1972) - Gentle Giant: O GG era uma banda "estranha" e experimental, digamos assim: o som dela é difícil de rotular, meio que uma mistura de jazz, música clássica, folk e rock. Seus integrantes além dos instrumentos "tradicionais" tocavam saxofone, violoncelo, trompete, violino, xilofone e afins. As melodias são dissonantes, vocais harmônicos em sobreposição. Eu gosto, mas não aconselho esta banda a neófitos do progressivo.

Trilogy (1972) - Emerson Lake & Palmer: o terceiro disco de estúdio do trio inglês, só poderia ter o título de Trilogy, né? Tirando a horrenda capa, o som aqui é muito bom. Predominam os teclados de Keith Emerson, acompanhados da bateria precisa de Carl Palmer. Incrível notar que o som deles era "pesado" mesmo não contando com um guitarrista, vide o tema "Hoedown"

Thick As A Brick (1972) - Jethro Tull: imagine um disco composto de apenas UMA música. O tema gira em torno de um poema escrito por um precoce garoto inglês que fala sobre os desafios de envelhecer. O Tull é liderado pelo vocalista e flautista Ian Anderson e tem a competente guitarra de Martin Barre, com muita, mas muita influência do folk.

Remember The Future (1974) - Nektar: quarto trabalho lançado por este grupo inglês, com residência na Alemanha. Praticava o que podemos chamar de hard prog e, devido a isso, influenciou bandas como o Iron Maiden (existe até um b-side com o cover de "King Of Twilight").

Red (1974) - King Crimson: mais uma banda "estranha e experimental". Misturava jazz com rock pesado. Uma curiosidade é saber que o falecido "craque da guitarra" Kurt Cobain achava este disco o melhor de toda a história. A formação da banda aqui era: John Wetton (baixo e voz), Bill Bruford (bateria, ex-Yes) e Robert Fripp (guitarra). A faixa-título é foda!



Criaturas da Noite (1975) - O Terço: úncio representante brasileiro na lista, contava com os vocais, teclados e viola do Flávio Venturini (tá, sei que é um chato), mas fazia um som que misturava progressivo e rock 'n' roll com ritmos regionais. Há aqui a obra-prima do prog nacional: "1974", faixa instrumental de mais de 12 minutos de duração.



Moonmadness (1976) - Camel: banda liderada pelo guitarrista e vocalista Andy Latimer. Talvez, a melhor guitarra solo de todo o rock progressivo: um timbre perfeito de Fender Stratocaster e melodías belíssimas. "Lunar Sea" é o grande destaque do cd.

Enfim, o Rock Progressivo é um estilo difícil de gostar, pois precisa de tempo para ser "digerido", além de uma certa sensibilidade musical para apreciar técnica, virtuosismo e músicas longas. Quem ainda não conhece e quiser dar uma chance, aproveite as dicas acima.

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